As injeções de Plasma rico em plaquetas (PRP) são um tipo de terapia ortobiológica que envolve o processamento do sangue do paciente procedendo à separação do plasma rico em células pluripotenciais. Este concentrado plaquetário promove, teoricamente, alguma regeneração do tecido músculo-esquelético lesionado, facilitando e melhorando o processo cicatricial.
O PRP tem sido utilizado há mais duas décadas e ganhou popularidade devido à cobertura mediática da sua utilização em atletas de alto rendimento com lesões músculo-esqueléticas de difícil tratamento. Ex. Tiger Woods, Rafael Nadal, Kobe Bryant, Alex Rodriguez e Jermaine Defoe entre muitos outros.
Devido à necessidade da sua utilização, associado à segurança e ao fato de ser um tratamento que não provoca aumento da performance, mas sim melhoria do processo de cicatrização, em 2011 a World Anti-doping Association (WADA) e pela UK Anti-doping Association (UKAD) retiraram este procedimento da lista de substâncias proibidas.
O tratamento com PRP serve para todo o tipo de lesões?
As injeções de PRP são frequentemente consideradas para lesões de tecidos moles tradicionalmente conhecidas por terem fracas propriedades curativas (por exemplo, lesões ligamentares, meniscais e cartilagem) onde o processo de cicatrização pode ter “estagnado”.
Existe evidência científica que apoie a utilização deste tipo de tratamento?
Nem tudo é perfeito e continua a ser um tipo de tratamento, nem sempre consensual junto da comunidade médica nacional e internacional. Alguns estudos de investigação têm demonstrado resultados positivos, outros estudos não. A base de evidência sobre este tratamento está a crescer e o PRP parece ser útil apenas em algumas condições.
Cada vez mais, hoje em dia, a utilização deste tratamento depende de uma minuciosa avaliação clínica ponderando os benefícios da sua aplicação, já que riscos são poucos ou nenhuns.
O PRP não é geralmente considerado como tendo quaisquer efeitos nocivos importantes, porque para além do próprio sangue (autólogo) de um paciente, não são adicionados outros constituintes à injecção.
Por essa razão, é apelativo para os pacientes que desejam uma “abordagem mais conservadora” para lidar com as suas lesões. É também frequentemente considerada uma opção por doentes que experimentaram vários outros tratamentos sem sucesso para as suas lesões de longa data, mas que desejam evitar ser submetidos a tratamento cirúrgico..
Como se processa o tratamento com PRP?
Se existir uma condição considerada adequada para o tratamento com PRP, o seu médico explicará o procedimento, os riscos e os cuidados posteriores envolvidos para assegurar que está plenamente consciente do processo de tratamento. Deve aproveitar esta oportunidade para fazer quaisquer perguntas que possa ter sobre o tratamento.
O sangue é obtido através do processo de punção venosa, semelhante a um exame de sangue de rotina. Este é armazenado numa seringa esterilizada para evitar infecção e contaminação. Inicia-se um processo de centrifugação que faz a separação do sangue em Glóbulos vermelhos, plasma pobre em plaquetas e plasma rico em plaquetas, sendo a camada rica em plaquetas extraída e aplicada na lesão a tratar, procedimento este guiado por ecografia para permitir o máximo de precisão na aplicação e assim a obtenção de melhores resultados.
Trata-se de um procedimento que salvo raras exceções demora 30-45 minutos, não sendo necessários cuidados especiais prévios, sendo as injeções efetuadas em condições assépticas rigorosas para assegurar que o risco de infeção seja praticamente nulo.
Pode ser necessário mais do que uma aplicação para ajudar no processo de melhoria da dor e de função, podendo em lesões intra-articulares associar-se Àcido Hialurónico (caso o Médico assim o entenda) para aumentar a eficácia do procedimento.
Posteriormente ao procedimento são indicados pelo Médico os cuidados a ter, sendo fundamental a associação de um programa de Reabilitação individualizado e adequado à lesão e de acordo com a condição geral do indivíduo.
Nota: Este artigo é somente um artigo de opinião que se baseia na mais atual evidência científica e na experiência do autor na prática de Medicina Desportiva no acompanhamento de atletas de alta competição ao mais alto nível nos últimos anos.