Entorse da tibiotársica. O problema e como saber o caminho certo para tratamento?

A entorse da tibiotársica é a lesão mais frequente do desporto, podendo ter diferentes graus de gravidade. Essencialmente há que distinguir os 2 tipos de entorse que podem ocorrer na tibiotársica: alta e baixa, que podem existir isoladamente ou em conjunto e ter diferentes tipos de abordagem terapêutica e de prognóstico consoante o tipo e localização dos tecidos lesionados. Um correto diagnóstico é então fundamental para o sucesso do tratamento Reabilitador a curto, médio e longo prazo, permitindo estabelecer um plano de tratamento adequado à gravidade da situação clínica e, diminuindo a probabilidade de limitações funcionais no futuro. Perceber questões fundamentais como o mecanismo da lesão, a apresentação inicial e um conjunto de testes efetuadas pelo Médico, assim como exames auxiliares de diagnóstico efetuados com indicação precisa ajudam no diagnóstico correto. E se, a esmagadora maioria destas lesões são tratadas com tratamento conservador, ou melhor, sem o recurso a Cirurgia, acreditamos que o incorreto diagnóstico inicial, bem como um deficiente tratamento nas várias fases do processo de reabilitação e/ou tentativa de acelerar a recuperação leva, muitas vezes a manutenção do quadro de dor, instabilidade articular com as consequências que daí podem advir e, consequentemente, a uma maior taxa de procedimentos cirúrgicos que poderiam ser evitados.

Ser conservador nos primeiros dias após a entorse, mesmo que leve, “nunca fez mal a ninguém” e, muitas vezes é o suficiente para evitar complicações e/ou recidivas da lesão, sabendo nós que o principal fator de risco de uma lesão é a lesão prévia e que sendo assim, quem faz uma entorse num pé tem sempre um maior risco de nova lesão na mesma zona (ou noutras …) sendo que esse risco vai diminuindo (sem nunca chegar a zero) ao longo dos anos, caso não haja mais entorses no mesmo local.

Nos primeiros dias após a lesão é consensual que a proteção articular deve fazer parte do tratamento e dependendo da limitação funcional e do grau, o recurso a auxiliares de marcha e/ou ortóteses estabilizadoras da tibiotársica podem ser necessárias, sendo um critério importante a dor em carga para a decisão da sua utilização. O gelo, essencialmente pelo efeito nos nocicetores da dor pode ser aplicado, apesar da evidência científica ser muito pouco precisa acerca da melhor forma de o fazer, nomeadamente em relação à temperatura e tempo de aplicação. Quanto ao uso de anti-inflamatórios (tópicos e/ou orais), é controverso o seu uso nestas e noutras lesões do aparelho locomotor principalmente nas de baixo/médio grau. Após a fase aguda e com o ganho gradual de mobilidade da tibiotársica/pé importa trabalhar toda a musculatura dos membros inferiores bem como o controlo neuromotor. A simetria de amplitude articular, nomeadamente de dorsiflexão da tibiotársica em carga é fundamental para o trabalho de ganho de força muscular nos seus vários componentes – força/máxima, força/resistência e força/potência, que são critérios que como sabemos devem fazer parte da reabilitação das lesões músculoesqueléticas do membro inferior. Após obtenção de simetria nestes parâmetros fundamentais, entramos na fase final da recuperação em que iremos expor de forma gradual e progressiva o indivíduo, seja atleta ou não, às exigências da atividade a que está normalmente exposto. De referir que a mesma lesão em duas pessoas diferentes não se comporta da mesma forma, apresentando tempos de recuperação também diferentes devendo o processo de reabilitação atender às necessidades individuais de cada indivíduo considerando critérios temporais, mas fundamentalmente (também) critérios clínico-funcionais.

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